terça-feira, 7 de maio de 2013

The show must go on

Meu primeiro show fora do Brasil. Bon Jovi vem me fazendo companhia nas vitrolas, rádios e iPods da vida há mais de 20 anos. Era doidinha pra saber como seria um show deles em outras terras. Pouco tempo antes da data, Richie Sambora deixa a tour - e os meus nervos à flor da pele. Será que pode ser cancelado? Como assistir Bon Jovi sem Richie Sambora?

Staples Center, sexta-feira, 19 de abril, saio do hotel e vou para lá com quase três horas de antecedência achando que estaria lotado de fãs. Porta tranquila, mas que começou a mudar nas próximas horas com um aglomerado de senhoras maquiadas, com saltos altíssimos, camisetas da banda e muito brilho e paetê. Talvez essa seja a maior diferença entre esta e as outras apresentações que tive a oportunidade de ver.

Procurando meu lugar, ainda tinha a esperança que Richie aparecesse. Especulações vinham de todos os lados. Por que não acreditar? Mas ele não apareceu. Como Phil X se comportaria no palco? Ouvi dizer que ele tem um ego bem grande. Será que Jon estaria diferente? Fiquei imaginando como seria Wanted Dead or Alive sem aquele chapéu de cowboy.

Começo de show, muita música nova, What About Now bombando em vendas, e mesmo com todo o engajamento, bem mais empolgante ao vivo do que em estúdio. Agradecimentos pra lá, FBI e Boston pra cá - e Jon mais solto do que nunca no palco. Phil X também. Som perfeito e muita coisa velha. Raise Your Hands me pegou de jeito. Passei dois dias cantando "from New York to Chicago"!

A banda intercalou músicas de todos os álbuns, coisa pra brilhar os olhinhos de qualquer fã. Até que Keep The Faith começa, junto com a minha certeza que não seria a mesma coisa sem Richie. E não foi mesmo. O novo guitarrista não fez feio, mas terminou sem Jon, que deixou o palco no final. Já vi tudo, pensei. Jon não vai segurar a onda até o fim e, em determinadas músicas, vai ser clara a ausência de Richie.

Mas foi a única parte que algo me pareceu estranho. Jon voltou ainda mais empolgado, dançando como nunca, e cantando duas covers, Bruce Springsteen e Rolling Stones, que fez o coro ser ouvido nas redondezas do ginásio.

Agora era esperar pelas próximas. I'll Be There for You me emocionou, com uma multidão repetindo todos os gritos pedidos por Jon que, com 51 anos, entrava e saía do palco dizendo que se estávamos cansados, ele não, e que tocaria "mais algumas". E vem Dry County, uma das minhas canções favoritas, me surpreendendo e confirmando por que decidi escolher a California e não qualquer outro lugar do mundo para as minhas férias.

Foram tantos "bis" que fiquei me perguntando de onde a banda tira aquela energia toda depois de anos de estrada. Nem imagino quantas pessoas estavam ali, mas o fato é que a banda é uma empresa perfeita. Há quem diga que as letras são melosas e não acrescentam nada a ninguém. Coisa que eles jamais prometeram. Sempre disseram que apenas dariam duas horas de diversão ao público. E nesta noite, em Los Angeles, eles deram mais que isso. Foram mais de três horas de profissionalismo, reboladas, solos e sintonia, além da certeza do por que se tornaram uma das principais bandas do mundo.

Se Jon Bon Jovi é proprietário da banda, seus funcionários continuam seguindo o seu exemplo e trabalhando muito bem. Bem ao estilo "o show tem que continuar". Phil X não era exatamente quem eu queria ver, mas se saiu muito bem. Mesmo desconhecendo ao certo os motivos que fizeram Richie Sambora se afastar, entrei no show achando que ele faria falta, mas ao final do show, quando as luzes acenderam, tive absoluta certeza de que ele é quem deve ter sentido muito por não estar ali.




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