sábado, 14 de maio de 2011

Trilogia Nua e Crua

Eu nunca fui à Cuba. Mas era um dos planos do primeiro ano de faculdade. Aquele que se faz com a amiga e que você jura que não vai falhar. Mas falha. 


Não fomos à Cuba, mas adoro ouvir relatos de quem esteve por lá. Pelo motivo que for. De férias, a trabalho ou para um contrabandozinho. Eu sempre gostei de saber dos detalhes daquele lugar, algo a mais do que Fidel e socialismo.


Eis que cai em minhas mãos um livro de Pedro Juan Gutiérrez, presente de um amigo, Trilogia Suja de Havana (Alfaguara, 2008) e que hoje posso confessar uma certa paranóia com ele. Racionalizei as páginas e só lia dez por dia. Por conta daquela sensação ruim de que ele vai acabar.

O autor, Pedro Juan, é um jornalista nascido em Cuba em 1950 e que consegue mostrar Havana da maneira mais crua que se possa imaginar. Exatamente com a mesma verdade e com o mesmo impacto do relato de uma amiga, que saiu do Brasil para comprar charutos. 

Ela, assim como ele, moraram em casas comuns, no centro de Havana e conviveram com toda a realidade que a classe média jamais conseguirá compreender “pois não se pode saber de nada sem enfiar o pé na lama”.

São 348 páginas de vida comum, contada de maneira até agressiva de tanta realidade. Suas experiências na cadeia, o comércio de qualquer coisa que movimenta a cidade – e que faz com que as pessoas não morram de fome – a relação com o sexo, tão intenso quanto sua aversão por mulheres perfumadas. 

Pedro é tão direto que a todo momento você pode sentir o cheiro dos cortiços, o suor do sexo enaltecido por ele e da criação de porcos e galinhas no quintal.

Trilogia Suja de Havana é um relato de vida corajoso, de quem se acostumou a viver no lixo, e que não consegue mais se abalar com isso. 

É um relato de quem nunca desistiu de lutar por uns dólares, de ir para “os states” ganhar a vida, ou simplesmente de correr atrás de um gole de rum.

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