Não fomos à Cuba, mas adoro ouvir relatos de quem esteve por lá. Pelo motivo que for. De férias, a trabalho ou para um contrabandozinho. Eu sempre gostei de saber dos detalhes daquele lugar, algo a mais do que Fidel e socialismo.
O autor, Pedro Juan, é um jornalista nascido em Cuba em 1950 e que consegue mostrar Havana da maneira mais crua que se possa imaginar. Exatamente com a mesma verdade e com o mesmo impacto do relato de uma amiga, que saiu do Brasil para comprar charutos.
Ela, assim como ele, moraram em casas comuns, no centro de Havana e conviveram com toda a realidade que a classe média jamais conseguirá compreender “pois não se pode saber de nada sem enfiar o pé na lama”.
São 348 páginas de vida comum, contada de maneira até agressiva de tanta realidade. Suas experiências na cadeia, o comércio de qualquer coisa que movimenta a cidade – e que faz com que as pessoas não morram de fome – a relação com o sexo, tão intenso quanto sua aversão por mulheres perfumadas.
Pedro é tão direto que a todo momento você pode sentir o cheiro dos cortiços, o suor do sexo enaltecido por ele e da criação de porcos e galinhas no quintal.
Trilogia Suja de Havana é um relato de vida corajoso, de quem se acostumou a viver no lixo, e que não consegue mais se abalar com isso.
É um relato de quem nunca desistiu de lutar por uns dólares, de ir para “os states” ganhar a vida, ou simplesmente de correr atrás de um gole de rum.
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